domingo, 6 de dezembro de 2009

Progressiva I e II

Progressiva I

Meus amigos tomaram soma e seguem suas vidas. Eu quase feliz. Tranquilo no meu não entendimento. Parece que meus amigos estão crescendo e se fazendo na vida. A vida que a gente morre a excluir tudo que poderia ser na mente potencializado.
Eu tenho uma aceitação mansa das realidades. Me falta a coisa necessária para ter motivação de convencer alguém das minhas verdades. Penso que ninguém porta a grande razão. Uma serie de necessidades e um punhado de medo me bota com seriedade sucifiente para manter alguns poucos amigos que ainda confio. E o numero diminui em relação ao aumento da minha liberdade.
Certo que desejo coisas boas para todos. Não sei de onde vem o sentimento que me faz crer. A fé. Talvez isso que mantém, de alguma forma inconsciente, minha sanidade aparente. Eu que penso coisas que afastariam os poucos que ainda voltam para me ver.
É como se eu morasse num lugar mágico que fosse todos os lugares, mas meus queridos insistem a fazer trajetos cada vez mais longos para não ter o incômodo de ver algo estranho, definhando na matéria, definhando por ignorar, ignorado por ignorar? Assim é algo acolhedor. A idéia de justiça é aconchegante.
Veja que uso palavras sem negar. Que busco algo que constantemente me foge e me provoca. A necessidade de escrever, de reter os pensamentos em palavras e pensar rápido e acompanhar os pensamentos com mãos rápidas o movimento cerebral é o impulso que movimenta a mão antes da idéia existir. Eu chego vezes a criar palavras com mãos e só depois percebo.
Será talvez a minha ultima companhia? A companhia das idéias que vem da minha mão? A minha grande amiga, talvez amante: “Mão”. Desejo que não me torne irritante para minha mão, que ela não precise desviar da minha essência para existência. Eu que me machuco ao pensar que nem a minha própria mão resista a soma e as coisas que crescem na vida. Desviar da existência.


Progressiva II

Poderia aceitar que tudo que vivenciei foi com a finalidade da ação desta tarde. A vida toda, amigos que apareceram e me guiaram, amores me preencheram e ensinaram, tantas borboletas que me seguraram por segundos do tempo humano e na essência me conduziram a ser aquilo necessário.
Percebo a importância de escolhas aparentemente tolas e do semáforo fechado justo no dia atrasado. Momentos que passei retendo significados da existência. Assim, pulando ou fluindo de um acontecimento a outro a ação suprema.
Cortar gramas.
Gramas são seres sureais: sabidas, conhecedoras do real e por isso para nos, que arranjados estamos, em plano cego elas parecem alem do aceitável.
Na verdade é possível muito aprender com as verdes. Durante a convivência senti novos conceitos sendo absorvidos por meu ser inteiro. Como se ficar feliz com algum fato pensado como concluído fosse sem sentido, posto que nada se conclui na existência.
A felicidade esta na tranquilidade de ser o que se pode. Aquilo para o qual somos guiados. Verdes me deixam em paz porque me mostram que há paz. Antes de pensar no passado ou cogitar futuro nossa essência pede por presente e estar presente é o todo sublime.
Interromper o trabalho na grama para servir café a uma humana é viver o momento sem deixar passar. A companhia da mulher foi um presente das verdes e outra tão valida explicação de que se deve vivenciar coisas que a vida nos sugere. A moça com a xícara de café me disse, com verdade nos claros olhos, pensar nascida para ajudar os outros. Gostei dela em essência.Ver alguém aprendendo com as gramas e parar para pedir ao aprendiz para servir café foi uma das sinceridades maiores que já vivenciei.
Desculpa interromper, ela falou e continuou, você pode me dar uma xícara de café?
Vou ver se tenho pronto. Sim, volto com duas xícaras, café para querida de passagem e eu. A vontade é agradecer a existência.

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