domingo, 1 de agosto de 2010

Texto Antigo que precisa ser lido e reescrito

No mercado aguardava com habitual impaciência, fazer pequenas compras sempre. Evitar o contato com pessoas.
Na noite anterior havia tinha notado a ausência de fósforos, detestava acender o fogão com o isqueiro quase tanto quanto comprar margarina sem sal. Quando soube que acenderia o fogão com o isqueiro decidiu comer polenta ao invés de macarrão – atenção para a frase anterior – e no caso de ter acabado o queijo ficaria sem rumo. Sem maiores problemas com a falta de fósforos.
Na tarde antes da noite anterior, na manhã deste mesmo dia, acordou as 7h, fez café – a calma de quem acorda 3h antes de sair de casa para o trabalho so para poder ter calma – cortou o pão, passou sal e margarina, lembrou do ultimo pedaço de queijo na geladeira e satisfeita com a oportunidade de comer pão com queijo, comeu.
Porque estava no mercado? Na cesta de compras não havia fósforos e so tentaria acertar na margarina quando não tivesse com a irritação da ausência de sal mas com o incomodo da ausência total. O pote na geladeira ainda cheio.
Podem não concordar com o fato das pequenas compras evitar o contato com pessoas afirmando que a freqüência das idas ao mercado possibilita vários encontros, explico que neste caso isto não influencia. Quando a lista mental das coisas que devem ser compradas existe é provável não perder tempo entre prateleiras. No mercado o maior risco é a fila do caixa. È importante pegar a rápida, a que passa poucas compras. É necessário fazer poucas compras. Essencial.
Divagando não consegui notar o que leva na sacola – enquanto me distrai já saio do mercado – Pensa nas revistas, que ficam no antes do caixa, o “hall do consumismo” espaço compre sem pensar coisas que se pensasse não compraria. Uma manchete: “50 dicas para decorar a casa com seu estilo”. Penso nesta informação também.
Observo o personagem. Meu frustrado personagem dorme no ápice da minha inspiração, agora eu não sei como agir, cara sacana, na próxima penso em alguém mais coerente.

PARA QUEM COMEÇOU ESTA HISTORIA
Amada criadora, sinto que meu papel em seu papel é cada vez menor, tenho passado dias no seu esquecimento, levo uma vida sem graça e creio que mesmo se um terceiro alguém ler o que somos não vamos nos entender, não vamos dar certo e é por isso que desisto de mim, isso é: você desiste de mim e neste momento deixamos de fluir, a gente para de escrever, e eu que sou o que é escrito paro, porque já não pode/consegue dar atenção para a historia que começou”

Personagens são tão impertinentes. Este vai ressuscitar, não porque tem algo extraordinário para contar, mas simplesmente pela raiva que sinto dele, por ser melhor que eu e não ter vergonha de desistir. Ele vai viver, porque essa é minha vingança contra o descaso. Eu te amo personagem e não vou te deixar fazer o que eu sempre quis. Somos o que não queremos ser, nossa historia começa aqui, muito é omitido. Nada é verdade. Bem vindo a mim e a meu personagem.

Um passo atrás, o sinaleiro verde, no momento que relou na rua os carros acelerou e é tão próprio destes ser que lhes apresento recuar ao invés de acelerar.
Continua...

domingo, 25 de julho de 2010

Alguns dias

Alguns dias sem tomar banho e então eu sabia que algo ia acontecer. Isto porque quando eu me permito certos luxos descondicionados sempre me distraio de mais.
Um feriado no meio da semana é quase assustador, não fosse tão psicodélico seria quase gótico ou mais distante, muito distante de ser bucólico ou sensivelmente claro.
Sabia que hoje me chegaria a “escrita”, desde que acordei, porque acordei de uma única vez, geralmente acordo muitas vezes antes de me sentir preparada para “viver”, no meio da noite ou já na manha, horas que me permito atrofiar – “dormir” mais.
Eu me preparei para isto, eu fiquei horas deitada olhando os cartões postais girarem e girarem em cima da minha entediante, angustiante espera.
Eu fiz café orgânico, organismo, orgom – musica e incenso – as sensações todas estimuladas.
Se soubesse contar como é fantástico o lugar que eu encontrei hoje... Estou apaixonada por uma janela que transmite o som de maquina de lavar roupa, ela é quase a prova que a vida não parou neste feriado apesar de ter, eu, parado.
Talvez eu não consiga que você entenda como ela é notável (a janela), é daquelas que só tem vidro para fechar e esta aberta ( a metade aberta da para a metade do varal com panos coloridos pendurados – devem ser toalhas de banho ou lençóis ), o fantástico é que daqui a luz do lugar eu vejo através dessas cores penduradas.
A ausência de luz é tão luz quanto à ausência de cor é cor.
O meu apartamento esta melancólico, se apartamentos chorassem o que estou choraria, mas ele mantém a posse, “concreto”. A duvida é se eu gostaria de me transportar para a janela de cores. Eu nunca vou saber o que se vê da janela de cores – será que lá as pessoas olham a janela chorando ou vêem algo de cima que me foge a vista?
Não estar na janela de cores me permite interpretá-la de forma piegas, de pão Frances com margarina na mão – se o texto acabar aqui é porque fui buscar mais café.
Tenho desejo de que alguém apareça e apague as cores para que eu possa ir descansar assim eu guardaria uma lembrança boa disso de “agora”, o medo é que excesso de admiração vire inveja. Isso seria tão irritante: inveja do que pode ver janela chorando e não vê.
Como podem acontecer coisas assim? A sombra da janela das cores na minha cozinha em contato com outras sombras formam em torno do armário uma lua nascente, eu nasço para ela agora que a encontro. Que pessoas de cores, mesmo sem saber, tragam beleza para o apartamento triste é sublime.
Queria ter capacidade para permitir transbordar daqui algo maior que ausência ou melancolia (incenso – breu - musica). Eu também quero transmiti-los na minha, como eles fazem... Como eles conseguem mostrar o que sou e me fazem tomar banho.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Segundas

Um dia especial começa quando ela acorda e sente que esta viva, perde ônibus e fica feliz por ter tempo de se acalmar antes de entrar no ônibus, tempo de notar a vida que acontece: o moço de bicicleta apreçado, a senhora cheia de esperança carregando uma sacola com latas, no mesmo instante em que passa um carro com uma família sonolenta, em frente ao ponto de ônibus a casa de jardim com flores grandes e coloridas, uma mulher se aproxima: Bom dia – é o que pensam, bom dia é o que vivem.
O ônibus chega semi lotado, um sorriso flui nela, idosos recebem lugar para sentar - há de ser sempre assim deseja – Bom dia, diz e escuta.
Entre os fluxos de chegadas e partidas ela se distrai com coisas de pensar e não e pensar, ate que um som agradável é percebido e a moça revolve guiar sua atenção para aquela vibração: é a fala de um moço que usa óculos para a humanidade, um homem que não vê a aparência superficial das coisas – essência - cego para a realidade humana limitada.
A voz reflete simplicidade e suavidade na tonalidade, diz coisas da vida que ele viveu, do excesso de doce que fere e limita, relata como se estivesse em um teatro, como se platéia tivesse posta a ouvir – que importa publico para aquele que já transcendeu a vista humana? - o que quero dizer é que a postura era de respeito com o ouvinte, palavras leves e ritmadas.
A diabete fez nele cegueira e ele da cegueira gratidão, ereto no ônibus em movimento ele fez parte do dia dela que também em gratidão quis para a ele algo oferecer, o moço estava acompanhado da mãe para vender alguns enfeites de cabelo, a menina vai descer no próximo ponto, antes, foi ate a senhora que estava expondo os enfeites, com R$2,00 separados, sabia que o enfeite era R$1,00, escolheu um par, a mulher delicadamente tirou os enfeites escolhidos- os de pedras verdes - e se dedicou a procurar algo na sacola enquanto a moça colocou o dinheiro sobre a sacola e saio apressadamente, a moça estava já longe, fisicamente e nas idéias quando recebeu um chamado, a senhora jogou com fé mais dois enfeites e disse: é R$1,00 o par menina, obrigada. A porta do ônibus fechou, a menina sentiu a verdade na alma e novamente sorrio – há de ser sempre assim, desejou – e foi.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Devaneios - texto em desenvolvimento




O mundo, o mundo como me aparece, o mundo como me é, eu sou.
Ser “é”. Basta. Acontece.
Percebo que quando estou disposta a aceitar o que desejo vou receber o que peço. É importante notar a palavra receber ao invés de conquistar, porque a vida não exige batalhas, mas sensibilidade. Assim ao pedir um emprego em uma determinada empresa deverei aceitar os padrões exigidos para ocupar o cargo desejado de forma que me capacite para receber o que foi pedido.

Estive pensando em viagens, na idéia de viajar para conhecer culturas e lugares. E começo a pensar que essa fuga sutil talvez seja nociva. Por que viajar? Deixamos de aproveitamos nosso corpo, os movimentos fantásticos que podemos fazer e queremos conhecer a maior “roda gigante” para satisfazer nossa “necessidade” de diversão. Esquecemos de reparar nas arvores na frente das nossas casas, mas desejamos analisar a Torre Eiffel.
Noto a vida, acontece aqui e agora enquanto estudo/trabalho/me alimento sem precisar de férias para ter vida. A vida “é”. Acontece e deve ser notada.

Tempo, algo que nem existe, bizarrice humana. Criamos “horas” e daí uma rotina. E muitas vezes nos irritamos com isso que é monótono, não temos tempo e ficamos entediados. Como é possível?
Como pensar em rotina se a cada dia temos um novo dia? Valorizar os acontecimentos diários, os lugares e pessoas que temos contato, cada dia “é”.