domingo, 25 de julho de 2010

Alguns dias

Alguns dias sem tomar banho e então eu sabia que algo ia acontecer. Isto porque quando eu me permito certos luxos descondicionados sempre me distraio de mais.
Um feriado no meio da semana é quase assustador, não fosse tão psicodélico seria quase gótico ou mais distante, muito distante de ser bucólico ou sensivelmente claro.
Sabia que hoje me chegaria a “escrita”, desde que acordei, porque acordei de uma única vez, geralmente acordo muitas vezes antes de me sentir preparada para “viver”, no meio da noite ou já na manha, horas que me permito atrofiar – “dormir” mais.
Eu me preparei para isto, eu fiquei horas deitada olhando os cartões postais girarem e girarem em cima da minha entediante, angustiante espera.
Eu fiz café orgânico, organismo, orgom – musica e incenso – as sensações todas estimuladas.
Se soubesse contar como é fantástico o lugar que eu encontrei hoje... Estou apaixonada por uma janela que transmite o som de maquina de lavar roupa, ela é quase a prova que a vida não parou neste feriado apesar de ter, eu, parado.
Talvez eu não consiga que você entenda como ela é notável (a janela), é daquelas que só tem vidro para fechar e esta aberta ( a metade aberta da para a metade do varal com panos coloridos pendurados – devem ser toalhas de banho ou lençóis ), o fantástico é que daqui a luz do lugar eu vejo através dessas cores penduradas.
A ausência de luz é tão luz quanto à ausência de cor é cor.
O meu apartamento esta melancólico, se apartamentos chorassem o que estou choraria, mas ele mantém a posse, “concreto”. A duvida é se eu gostaria de me transportar para a janela de cores. Eu nunca vou saber o que se vê da janela de cores – será que lá as pessoas olham a janela chorando ou vêem algo de cima que me foge a vista?
Não estar na janela de cores me permite interpretá-la de forma piegas, de pão Frances com margarina na mão – se o texto acabar aqui é porque fui buscar mais café.
Tenho desejo de que alguém apareça e apague as cores para que eu possa ir descansar assim eu guardaria uma lembrança boa disso de “agora”, o medo é que excesso de admiração vire inveja. Isso seria tão irritante: inveja do que pode ver janela chorando e não vê.
Como podem acontecer coisas assim? A sombra da janela das cores na minha cozinha em contato com outras sombras formam em torno do armário uma lua nascente, eu nasço para ela agora que a encontro. Que pessoas de cores, mesmo sem saber, tragam beleza para o apartamento triste é sublime.
Queria ter capacidade para permitir transbordar daqui algo maior que ausência ou melancolia (incenso – breu - musica). Eu também quero transmiti-los na minha, como eles fazem... Como eles conseguem mostrar o que sou e me fazem tomar banho.

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